Uma formada em economia, a outra em gestão de empresas, Tânia e Andreia decidiram deixar a banca e lançar um serviço de consultoria financeira, em plena pandemia.
“Vamos esquecer a contabilidade a ‘olhometro’ e pôr os números todos no papel”, é um dos grandes conselhos de Tânia e Andreia, duas especialistas em banca e consultoria financeira que decidiram criar o Contas €m Dia e prestar apoio na área das finanças pessoais. Em entrevista ao idealista/news, as duas mentoras do projeto contam como surgiu a ideia de lançar este serviço e de que forma se posicionam para “mostrar que é possível trabalhar para concretizar sonhos ao invés de trabalhar só para pagar contas”.
Determinadas a contribuir para aumentar a literacia financeira e para quebrar o tabu sobre o dinheiro em Portugal, Tânia e Andreia consideram que o momento atual, marcado pela crise gerada pela Covid-19, é crítico para dar estes passos. “Se há coisa que esta pandemia veio mostrar é que ter poupanças tem uma importância extrema nas finanças pessoais”, dizem e explicam porquê.
Quem são a Tânia e a Andreia?
Somos duas amigas que se conheceram durante o estágio. Uma licenciada em economia e outra em gestão de empresas, rapidamente apercebemo-nos que tínhamos gostos em comum. Viajar, passar tempo de qualidade com a família e amigos e, claro, a paixão de ambas pelas finanças pessoais! Os interesses comuns que partilhamos, foram a base para uma grande amizade.
Já passaram alguns anos desde que nos conhecemos. A Tânia tem 34 anos, é natural da Covilhã e a Andreia tem 36 anos, é natural de Cascais. Trabalhamos desde então na área da banca e consultoria financeira, o que nos permitiu consolidar conhecimentos e ganhar muita experiência. Hoje, além de profissionais ativas, também a maternidade ocupa um lugar de destaque nas nossas vidas, uma vez que as duas somos mães (meninos de 3 anos e 1 ano respetivamente).
Há quem diga que somos fãs de poupanças/investimentos. Nós preferimos dizer que somos fãs de planeamento e da liberdade de escolha que o dinheiro traz.
Como e quando surgiu a ideia de criar o Contas €m Dia?
Se há coisa que vimos, durante os mais de 10 anos em que trabalhamos na banca, é que a maioria das pessoas não se consegue organizar financeiramente, e facilmente tomam decisões que lhes pode condicionar o futuro (elevado grau de endividamento ou investimentos inadequados).
Na verdade, o que todas as pessoas precisam é ter uma vida financeira organizada e que consigam garantir estabilidade para si e para a sua família.
Se há coisa que vimos, durante os mais de 10 anos em que trabalhamos na banca, é que a maioria das pessoas não se consegue organizar financeiramente, e facilmente tomam decisões que lhes pode condicionar o futuro (elevado grau de endividamento ou investimentos inadequados).
E como ter isso?
Foi a resposta a esta questão que nos levou a criar o Contas €m Dia.
Depois de muito planear fundamos o “Contas €m Dia” em plena pandemia. A nossa experiência aliada ao conhecimento, que adquirimos nos últimos anos, estão a ajudar os nossos seguidores a conseguir planear financeiramente a sua vida. A vida não é só pagar contas, é concretizar sonhos. Isso deve ser uma prioridade. É para isso que vale a pena viver, certo?
A maternidade despertou em nós a necessidade de ter um equilíbrio saudável entre trabalho e família. Foi nesta altura que decidimos dar um grande passo para assumir o controlo da nossa vida.
A verdade é que tanto usa o descoberto ordenado uma pessoa que ganhe 800 euros, como quem ganhe 3500 euros. Com este exemplo fica claro que mais rendimento não significa ter mais organização financeira.
Quais as expectativas e objetivos que têm para este projeto?
O Contas €m Dia quer ajudar a transformar contas e vidas.
Queremos que o cuidar das finanças pessoais não seja “um bicho de 7 cabeças”, mas sim um prazer. Mostrar que é possível trabalhar para concretizar sonhos ao invés de trabalhar só para pagar contas.
Em que consistem os vossos serviços?
São programas de acompanhamento financeiro. A duração pode ir de 2 a 6 meses, conforme a situação e acompanhamento necessário. As nossas sessões são sempre online e toda a informação é tratada com a máxima confidencialidade.
Temos também o serviço de workshops, mas numa vertente mais intimista. Os participantes conhecem-se todos (grupo de amigos/colegas ou em família) e é abordado um tema sobre o mundo das finanças pessoais. As pessoas desta forma sentem-se mais à vontade para colocar questões e esclarecer dúvidas. São momentos superprodutivos.
A quem se destinam? Que tipos de clientes têm e a quais pretendem chegar ainda?
O serviço do Contas €m Dia destina-se a todos que tenham vontade melhorar a sua vida financeira.
A verdade é que tanto usa o descoberto ordenado uma pessoa que ganhe 800 euros, como quem ganhe 3.500 euros. Com este exemplo fica claro que mais rendimento não significa ter mais organização financeira.
Chegam até nós pessoas/famílias que querem começar a poupar e outras que já têm poupanças e querem aprender a investir (de acordo com o seu perfil e objetivos). Há também muitas pessoas querem preparar-se financeiramente para a compra de uma casa (principal ou secundária). Aos poucos e poucos sentimos que os portugueses estão mais conscientes da importância do planeamento financeiro e de quão libertador é!
Os clientes que temos em carteira têm perfis muito distintos entre si. Temos clientes que são financeiramente independentes (ou seja, vivem dos rendimentos que o seu capital produz) e outros que estão nos primeiros passos para fazer a primeira poupança.
O denominador comum a todos é que são pessoas que estão em fase de mudança. Mudança na forma como lidam com o seu dinheiro. Querem ser a sua melhor versão financeira. E nós queremos potenciar financeiramente as pessoas que nos procuram! O nosso serviço é adequado a qualquer nível de literacia financeira e fase de vida!
Como trabalham e se relacionam com os clientes?
Temos uma abordagem humana e real, sem promessas milagrosas de efeito rápido. De uma forma próxima e dedicada traçamos um caminho estratégico para que o cliente percorra. Nós somos o GPS e o cliente é o piloto da sua vida!
Não dizemos a ninguém o que fazer ao seu dinheiro. Nós trabalhamos com o foco total para os objetivos das pessoas que nos procuram.
Qual tem sido a recetividade do público e que tipo de dúvidas/procura têm tido até agora?
A recetividade tem sido surpreendentemente boa, uma vez que estamos a falar de um assunto muito sensível: Dinheiro!
Os nossos seguidores começaram a saber fazer um diagnóstico das suas próprias finanças pessoais através da partilha do nosso conteúdo prático. O feedback de quem nos segue tem sido excelente, quando contam que puseram em prática as nossas dicas e quão transformador e impactante tem sido na vida deles.
Chegam até nós pessoas/famílias que querem começar a poupar e outras que já têm poupanças e querem aprender a investir (de acordo com o seu perfil e objetivos). Há também muitas pessoas querem preparar-se financeiramente para a compra de uma casa (principal ou secundária). Aos poucos e poucos sentimos que os portugueses estão mais conscientes da importância do planeamento financeiro e de quão libertador é!
Sem dúvida que a pandemia é um grande desafio no orçamento dos portugueses! Se por um lado há pessoas que não tiveram perdas significativas de rendimentos, há outras que se encontram em situações delicadas e que viram as suas vidas mudar do dia para a noite.
Vivem muito do uso das redes sociais – porquê e como está a ser essa experiência?
Usamos as redes sociais, neste caso o Instagram, como forma de comunicar com público e dar a conhecer os nossos serviços. É a forma preferencial do público esclarecer as suas questões. A experiência está a ser muito gratificante. Chegam até nós questões bastante relevantes e pertinentes. Já nos seguem no Instagram? @contas.em.dia
Como avaliam o atual estado da literacia financeira em Portugal?
Infelizmente, Portugal é um dos países europeus com menor literacia financeira. Por outro lado, é ótimo que a procura de conhecimento financeiro tenha aumentado significativamente nos últimos anos.
A literacia financeira (e económica) ajuda tanto na “simples” escolha sensata de uma taxa fixa ou variável no seu crédito habitação, como a escrutinar as decisões políticas e perceber algumas notícias e medidas a nível internacional.
Vivemos numa aldeia global, e temos de encarar que temos um papel ativo na economia e finanças como um todo.
Vamos esquecer a contabilidade a “olhometro” e pôr os números todos no papel.
Quais as áreas em que mais é preciso trabalhar?
Nós diríamos que há duas áreas muito importantes.
Primeiro, a literacia financeira e económica que é uma grande lacuna no nosso ensino e na nossa cultura como um todo. Passamos pelo menos 12 anos na escola a aprender conceitos que não conseguimos aplicar na vida real. Enquanto temas como IRS ou gestão de orçamento familiar são temas nunca abordados.
Segundo, a quebra de tabu sobre o dinheiro. A seguir à sexualidade o dinheiro é o tema mais envolto em tabu. Falar de dinheiro não é fútil, nem ganancioso, nem só para ricos. Afinal todos precisamos dele para viver…. Traz-nos liberdade de escolha.
A pandemia é um desafio para o orçamento dos portugueses?
Sem dúvida que a pandemia é um grande desafio no orçamento dos portugueses! Se por um lado há pessoas que não tiveram perdas significativas de rendimentos, há outras que se encontram em situações delicadas e que viram as suas vidas mudar do dia para a noite.
A necessidade aguça o engenho, e os portugueses têm espírito de se saber reinventar.
Como será a economia, o trabalho, as viagens e o nosso dia a dia nos pós pandemia? Ninguém prevê o futuro, mas será mais um desafio pela frente!
Também pode ser uma oportunidade para as famílias, dado o atual nível de poupanças?
Se há coisa que esta pandemia veio mostrar é que ter poupanças tem uma importância extrema nas finanças pessoais.
Para quem não teve perda significativa de rendimentos, tem aqui uma excelente oportunidade de poder reforçar as poupanças. Já tem um fundo de emergência? Já está a preparar a reforma? E as poupanças para o futuro dos filhos?
Dedicamos pelo menos 40h por semana a ganhar dinheiro. E quantas horas dedicamos a gerir esse dinheiro? Poucas ou nenhumas!
A literacia financeira (e económica) ajuda tanto na “simples” escolha sensata de uma taxa fixa ou variável no seu crédito habitação, como a escrutinar as decisões políticas e perceber algumas notícias e medidas a nível internacional.
Que conselhos dariam às famílias neste momento?
Fazer um diagnóstico das suas finanças pessoais.
Vamos esquecer a contabilidade a “olhometro” e pôr os números todos no papel. Temos um post a explicar como fazer isso na prática na nossa página de Instagram.
“Sei quanto dinheiro ganho e quanto dinheiro gasto? O meu consumo é por impulso ou ponderado? Consigo poupar todos os meses? Se não consigo, porquê? Estou a gastar dinheiro que poderia canalizar para a poupança?”
Da nossa experiência as respostas a estas questões vão surgir “surpresas” que darão motivação para melhorar alguns aspetos da vida financeira!
Entrevista para idealista/news.